terça-feira, 30 de setembro de 2014

O sofrimento extravagante

O sofrimento extravagante

Sei que não devo transformar o meu sofrimento num filme concorrendo ao Oscar, no qual represento o papel principal. Preciso aprender a lidar com as minhas dificuldades com serenidade e interromper de vez esse sofrimento extravagante, sem fazer drama, pois não quero ser lembrado como a pessoa que mais sofreu na face da Terra. Enfrentar a dor com coragem e paciência, e também com discrição, pode amenizar em muito o meu sofrimento. Não podemos evitar que coisas negativas nos aconteçam, mas podemos escolher a maneira como cada coisa vai nos afetar. Já nos cansamos de ouvir que a dor pode ser inevitável, mas o sofrimento é opcional e temos que criar mecanismos para fazer isso funcionar.

Hoje sei que ficar irradiando o meu sofrimento e divulgando aos quatro cantos é uma maneira inadequada de lidar com ele, pois, além de depor contra minha imagem, contribuo para potencializar e perpetuar o meu sofrimento. Acabo passando o conceito de uma pessoa fraca que não sabe lidar com os problemas. Se conseguir um pouco de serenidade, sei que as dificuldades e barreiras assumirão a dimensão real, pois a mente transtornada acaba por construir uma imagem bizarra da realidade, e cada pequeno buraco nos parece um abismo sem fim. Peço sempre coragem para enfrentar o que tenho pela frente e discernimento para saber o que é e o que não é da minha conta.

Tentar levar a carga do outro é um sinal de prepotência. Ajudar as pessoas, dando apoio e suporte totalmente diferente, e não devemos nos furtar disso.

Quero reduzir o meu sofrimento e sei que isso está nas minhas possibilidades.


Trecho do livro: Hoje pode ser um dia melhor (R.S.Beco)

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